Nos últimos anos, presenciamos uma grande onda de migração de produtos em serviços, abrindo espaço para o surgimento de novos negócios e para a transformação de modelos tradicionais. A mobilidade como serviço (MaaS) é um exemplo prático deste movimento.
Seguindo o conceito de EaaS (Everything as a Service – Tudo como Serviço) temos vários exemplos conhecidos, como é o caso de:
- Empresas de SaaS (Software as a Service);
- Serviços de streaming de músicas, como o Spotify;
- Serviços de streaming de filmes e séries, como o Netflix.
Tais serviços mudaram a relação das empresas com o consumidor, oferecendo mais acessibilidade e flexibilidade na relação de compra.
Este é o ponto principal: no centro de toda esta transformação está o consumidor. Hoje, vemos um público com interesses diferentes de antigamente, gerando novas demandas e possibilitando que empresas se dediquem a satisfazer suas necessidades.
Mas por que isso é importante para o segmento de transporte público? Em quais aspectos isso irá melhorar a oferta, a qualidade e a entrega deste serviço no Brasil?
Responderemos essas perguntas ao longo do artigo!
O que é o MaaS e como ele funciona?
A mobilidade como serviço é uma mobilidade inteligente, centrada no usuário. Um ecossistema de gestão e distribuição em que um integrador reúne a oferta de múltiplos prestadores de serviços e fornece aos usuários finais acesso através de uma interface digital. Isso permite que eles planejem e paguem pela mobilidade de forma descomplicada.
A ideia é que no MaaS o usuário componha o trajeto desejado escolhendo entre as opções de modais mais convenientes.
O conceito de flexibilidade também se estende às opções de pagamento, pode ser ofertado por assinatura, ou por uso, ambos nas modalidades pré-pago ou pós-pago. Assim é possível ajudar a população a acessar um mix mais amplo de serviços, com melhor relação custo x benefício.
A mobilidade como serviço abre um universo imenso de novas possibilidades baseadas na integração tecnológica. Este aspecto precisa ficar muito claro, pois seria impossível avançar nesta direção sem falar de integração.
Seja entre sistemas, meios de pagamento ou prestadores de serviço, a integração é a base para um ecossistema de MaaS. Assim, um volume gigantesco de dados compartilhados precisarão ser usados por todas as partes envolvidas a favor da operação.
O MaaS e o Transporte Público
Apesar do MaaS envolver modais de transporte individual e até micromobilidade, é no coletivo que está a solução. Afinal, se este modelo está baseado na eficiência, ele está diretamente ligado a questões como volume de veículos na rua e custo de passageiro transportado.
Por isso, o MaaS pode ser percebido como um potencializador do uso dos modais coletivos. Desde que, é claro, o transporte público seja capaz de se adaptar ao modelo multimodal.
Embora seja crucial colocar o usuário no centro do MaaS, essa solução traz benefícios que vão além do passageiro.
Uma vez que o acesso a dados sobre as preferências dos usuários e formas de uso do transporte serão úteis para tomada de decisão de todos os envolvidos, permitindo melhorar os sistemas regionais de trânsito.
A expectativa de todos os que trabalham para construir esta nova realidade é que, com o MaaS, nascerá uma nova política de transportes, mais voltada para o desenvolvimento sustentável das cidades.
No mapa abaixo, podemos ver onde o MaaS já é disponibilizado no mundo. A partir dele podemos perceber o enorme potencial para que seja implementado no Brasil.
Fonte: https://maas-alliance.eu/maas-in-action/
Recentemente, representantes da Empresa 1 tiveram a oportunidade de conhecer o case de Dayton, Ohio (EUA).
Com apoio da tecnologia da Trapeze América do Norte – parceira tecnológica da Empresa 1, gestores do sistema trabalham para criar uma plataforma de transporte como serviço totalmente integrada. Um sistema que centraliza ônibus, caronas, taxis, companhias de transporte privados, compartilhamento de carros e bicicletas, estacionamentos, e até parquímetros.
Este case pode ser uma inspiração para surgimento de novas fontes de receita.
O que é preciso para que a mobilidade como serviço se torne realidade no Brasil?
Usualmente, os projetos internacionais de MaaS são controlados pelas autoridades reguladoras, assim como a própria operação do transporte. No entanto, sabemos que a realidade Brasil é diferente, baseada no modelo de concessão.
Por este motivo são necessárias novas leis e regras que permitam a implementação do novo serviço, para que as empresas de mobilidade possam desenvolver seus produtos personalizados, sem as barreiras de um modelo de negócio engessado.
Devido a esta grande complexidade, entendemos que só existe um caminho: o MaaS deve ser criado em colaboração entre todas as partes envolvidas.
Também é necessário um novo comportamento dos demais atores, como: operadores de transporte e provedores de tecnologia existentes e novos entrantes. As soluções que nascem hoje, devem prever arquiteturas que permitam a integração tecnológica.
É nesta direção que estamos olhando e dando os primeiros passos. E você, está preparado para o futuro do transporte?
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